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  1. Sisu, Enem e Pátria Educadora

    domingo, 17 de janeiro de 2016

    As inscrições para o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) encerraram-se na última quinta-feira, dia 14. Na próxima segunda-feira, dia 18, o MEC divulgará os aprovados para preencherem as 228 mil vagas oferecidas pelo sistema em 131 instituições públicas. O critério de seleção baseia-se nas notas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
    Das quatro áreas avaliadas, o ENEM de 2015 registrou queda em três, comparadas ao ano de 2014. Seguem os gráficos:

    Em Ciências da Natureza, a média caiu de 482,2 em 2014 para 478,8 em 2015.
    Fonte: MEC

    Na área Linguagens e Códigos, a média de 507,9 registrada em 2014 caiu para
    505,3 em 2015. Fonte: MEC

    Desempenho em Matemática caiu de 473,5 para 467,9. Fonte: MEC

    A única área que registrou aumento na média foi a de Ciências Humanas:

    Aumento em Ciências Humanas: média subiu de 546,5 para 558,1.
    Fonte: MEC

    Na redação do ENEM, cujo tema foi a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira, 104 candidatos tiraram nota mil, ao passo que 53 mil candidatos zeraram a redação. Não dá pra sentir orgulho deste índice.
    O que considero importante pensarmos ao estabelecer uma relação entre o ENEM e o Sisu é que, sem dúvida, o exame ganhou uma importância e motivou os alunos a se dedicarem mais. Hoje ele é uma das possíveis portas de entrada para o Ensino Superior (quando eu fiz o ENEM, há praticamente dez anos, ele apenas ajudava na nota de alguns vestibulares com pontos, além da prova ocorrer apenas em um dia, com 60 questões e a redação). Claro, podemos pensar se a forma como o Sisu está implementado é justa e devidamente estruturada. Alguns acreditam que, devido ao fato de ainda existir uma interferência do quadro socioeconômico nos ensinos básico, fundamental e médio, e, por conta disso, os alunos das regiões Sul e Sudeste continuarem a tirar as melhores notas, a demanda de vestibulandos dessas regiões aumentou significativamente no Norte e no Nordeste desde a implementação do Sisu. Em contrapartida, os estudantes nortistas e nordestinos estariam encontrando dificuldades para entrar nas universidades de seus estados. O Sisu é relativamente recente e esses questionamentos são necessários, porém ainda levará mais um tempo para sentirmos os seus desdobramentos.
    Fato é que há a falta de compromisso com a base da educação. Para se ter uma ideia, o governo gasta cinco vezes mais com o aluno do curso superior do que com a educação básica. É uma diferença que produz impactos gritantes em toda a sociedade. Não quero dizer que o governo precisa investir menos no Ensino Superior, e sim que há certa urgência em aumentar os investimentos com a base. Não por uma questão de números em gráficos e dados estatísticos, mas porque uma educação básica sólida tem o potencial de transformar o país.
    Uma última observação é que, se prestarmos atenção, as notas dos cursos de licenciatura são as mais baixas. A área docente, infelizmente, é uma das menos atrativas no Brasil por conta da desvalorização dos professores e de uma série de fatores estruturais. Não temos atraído os melhores alunos para serem professores, e é justamente isso que acontece com os países que estão no ranking do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes). Não seria natural imaginarmos que os melhores alunos do Ensino Médio deveriam ser os futuros mestres? Transformar este quadro em todas as suas esferas (valorização-reestruturação-incentivos à carreira) seria o ponto de partida para um Brasil e uma população melhores. Por enquanto, esta ideia fica no plano das utopias.



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