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  1. Ressaca Eleitoral

    segunda-feira, 6 de outubro de 2014

    Os períodos eleitorais parecem todos iguais, bem como os políticos. Pelo menos é a ideia que a maioria das pessoas tem. Tudo bem. Mas tratar a política com tanta indiferença está trazendo resolutividade? Nenhuma. Existem poucas releituras da política brasileira elaboradas de forma séria; a crítica é sempre passional.
    Na semana passada um aluno afirmou que o nosso problema é a tal democracia, que o que acreditamos ser democracia é algo falho e, sobretudo, ilusório por causa da disputa de poder. O último domingo é um bom exemplo. O fato de termos o direito de votar (isto é, escolher os nossos representantes) e de nos expressarmos não quer dizer que vivemos num regime democrático, até porque o voto se caracteriza mais como dever do que direito. Quando as pessoas são obrigadas a fazerem algo, fazem de qualquer jeito, e no processo eleitoral não é diferente. Vota-se em qualquer um. Se houvesse uma liberdade real de escolha, poderíamos assistir ao amadurecimento da nossa democracia.
    Por outro lado, a democracia vem sofrendo certo desgaste porque tem se configurado como uma luta contínua e incessante entre opositores e ofensas. Além dos erros nunca serem admitidos (de todos os lados), ao invés de servir como representação das múltiplas vozes da população, a democracia está aprofundando algumas diferenças existentes na sociedade brasileira. Isso também ocorre porque muitos a confundem com a liberdade de poder fazer tudo. O pensamento é mais ou menos o seguinte: se é normal existirem divergências ou posicionamentos distintos, o conflito e a tensão fazem parte do jogo, o cenário não precisa necessariamente ser equilibrado. Porém, a intolerância insiste em caminhar ao nosso lado, ainda não aprendemos a lição.
    Depois de ter acompanhado os horários das propagandas eleitorais e os debates, restou lamentar a forma como alguns candidatos tratam a política, como se o campo político pudesse se converter em campo de guerra, em que a liberdade de expressão é confundida com discurso discriminatório, ou como se as palavras pudessem atingir o adversário de forma letal. É realmente desgastante.
    O receio, partindo de um olhar histórico, é que o excesso de conflitos políticos acabe de vez com a democracia e a deixe em estilhaços, como tem acontecido em diversos lugares no mundo todo.
    O que precisa ser mudado urgente é a nossa cultura de participação e de reivindicação. Vivemos duas décadas num regime de controle ditatorial e, passados quase trinta anos de (suposta) democracia, nossas conduta e postura permanecem praticamente as mesmas: a da resignação e do inconformismo muitas vezes sem fundamentos.

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