"Olha, se o Brasil jogar do jeito que vem jogando, levará um banho da Alemanha. Ou melhor, uma cervejada, e bem amarga". Disse esta frase após a vitória da Alemanha sobre a França e do Brasil sobre a Colômbia, na última sexta. Nem cogitei o placar de hoje, que veio com juros e correção monetária desde a Copa de 2002, onde o Brasil venceu a Alemanha por 2 a 0 e esta sediou a Copa.
O assunto do momento, claro, é a derrota da seleção brasileira para a Alemanha. Mas não pretendo falar apenas sobre isso, e sim de observações que fiz ao longo dos jogos do Brasil.
O assunto do momento, claro, é a derrota da seleção brasileira para a Alemanha. Mas não pretendo falar apenas sobre isso, e sim de observações que fiz ao longo dos jogos do Brasil.
Primeiramente, todo torcedor - e até os brasileiros que estavam torcendo contra a seleção - resolveu dar uma de técnico. Duzentos milhões de "técnicos" que diziam quem Felipão deveria convocar e quem deveria ficar de fora, quem seria titular e quem seria reserva, quais as estratégias que poderiam vingar e as que certamente levariam a seleção ao fracasso total. Não é tão fácil ser o verdadeiro e único técnico a comandar um time cujo esporte é o mais aclamado do país e, sobretudo, sediando o evento futebolístico mais importante do mundo.
Quantos não acreditaram que esta Copa teria supostamente sido comprada? Este discurso foi repetido "n" vezes, até o jogo de hoje revelar totalmente o contrário. É curioso porque, avaliando as publicações dos meus contatos no Facebook, mesmo aqueles que sustentaram a ideia de Copa comprada torceram - e muito! - pelo Brasil.
O que me fez sentir vergonha até então foi única e exclusivamente a torcida brasileira. A goleada de hoje foi bem aceitável perto do comportamento do torcedor brasileiro. Eis a minha pequena lista:
- As vaias para Dilma, na abertura da Copa. É vergonhoso, pois elas vieram, como se sabe, daqueles que pagaram mais caro pelo ingresso, dos artistas que fizeram vários selfies com camiseta da seleção e maquiagem nas cores verde e amarelo. Não deveriam ser gratos à presidente por lhes proporcionar uma Copa no padrão a que estão acostumados viverem e que a maioria da população sequer passa perto?
- Ao contrário do que o hino cantado todas as vezes em a capella mostrou, a maioria da população brasileira não sabe cantar o hino ou não o conhece por inteiro, e vale para todas as camadas da sociedade. Esta constatação é tanto das observações em jogos da seleção (que venho notando há anos) quanto das minhas experiências cotidianas. Inclusive, no jogo contra a Colômbia fiz a leitura labial de um torcedor que, ao invés de cantar "e o teu futuro espelha essa grandeza", cantou com fervor "e o teu futuro espelha essa bandeira". Sortudos mesmo são os espanhóis, que não precisam conhecer a letra do hino, simplesmente porque ela não existe...
- No jogo contra o Chile, o torcedor brasileiro se mostrou extremamente desrespeitoso com a torcida e a equipe chilena, que foi vaiada durante a execução de seu hino. Precisava mesmo ou é a velha história de que "faz parte do jogo"?
- O jogador colombiano Juan Zúñiga foi muito criticado pela atitude que tirou Neymar da Copa e que resultou na fratura de uma vértebra do atacante brasileiro. Para o torcedor, ficar bravo e indignado por conta disso é normal, mas a coisa não acabou aí. Zúñiga sofreu ofensas racistas (e o racismo nunca é justificável), ameaças e até sua família teve o dissabor de ser humilhada nas redes sociais. É o ápice da vergonha.
Ademais, a Alemanha mostrou um futebol classudo, bonito de ver e, acima de tudo, um time entrosado como ainda não se viu nas partidas da Copa. A eles, o meu elogio e respeito. Aos jogadores do Brasil, paciência. Lutaram nos outros jogos. Não nos esqueçamos que foram prejudicados várias vezes pelas arbitragens e mesmo assim conseguiram vencer.
Ademais, a Alemanha mostrou um futebol classudo, bonito de ver e, acima de tudo, um time entrosado como ainda não se viu nas partidas da Copa. A eles, o meu elogio e respeito. Aos jogadores do Brasil, paciência. Lutaram nos outros jogos. Não nos esqueçamos que foram prejudicados várias vezes pelas arbitragens e mesmo assim conseguiram vencer.
A velha crítica
Esta semifinal ficará marcada para os torcedores brasileiros apaixonados por futebol. Provavelmente não houve um apostador brasileiro que tenha ganho um bolão. Desconfio até que algum alemão tenha ganho se a prática de apostas for comum na Alemanha. Ninguém esperava. A derrota por 7 a 1 soou como humilhação, mas e daí? Quantos trabalhadores não são humilhados a vida toda, em condições subhumanas de labor? É interessante ouvir o zagueiro David Luiz dizer que gostaria de dar alegria e fazer o brasileiro sorrir. Afinal, o futebol parece estar na carga genética, no DNA da maioria de nós (e, novamente, sem distinção de camada social). Mas penso que o sorriso mais digno não é aquele que esbanjamos ao ver a seleção ganhar. Este deveria ser o complemento de um sorriso e alegria de um povo que merece a satisfação de uma vida decente, mas não a conhece. São vidas severinas...
O que sobrou do gramado
É simples: a Copa será utilizada em discursos políticos, e de todos os lados, o que me faz lamentar tanta aberração cognitiva dos políticos e dos eleitores. Só hoje há várias publicações no Facebook sobre o dinheiro gasto para a Copa, que muitos haviam se esquecido com as vitórias da seleção brasileira. Até a Dilma apareceu como culpada pelo fiasco brasileiro. Não estou desmerecendo os bilhões de reais, mas qualquer pessoa em sã consciência sabe que o dinheiro investido para o evento não é suficiente para mudar os pilares básicos saúde-educação e até mesmo é o que o país investe em pouquíssimo tempo. Além disso, quem lucrou, de fato, foram as empreiteiras. Para romper um pouco com esta ideia, deixo como reflexão o posicionamento do Juca Kifouri no Roda Viva, para o qual tiro o chapéu. O vídeo pode ser visto no Facebook. As responsabilidades devem ser divididas.
Velho desejo
Sempre gostei de esportes e lamento que o brasileiro não torça tanto quanto no futebol nas mais diversas modalidades. Existem outras equipes que merecem apoio e incentivo. O Brasil não é feito só de futebol. Se a população se mobilizasse na política tanto quanto faz no futebol, seria possível acreditar mais firmemente numa mudança de rumo para o país. Mas o brasileiro tem aversão à palavra política e ainda prefere acreditar que o protesto tem que ser nas urnas e que a medida é suficiente.
Em tempo, segundo o site do Globo Esporte, houve um ganhador que participou de um bolão.
Velho desejo
Sempre gostei de esportes e lamento que o brasileiro não torça tanto quanto no futebol nas mais diversas modalidades. Existem outras equipes que merecem apoio e incentivo. O Brasil não é feito só de futebol. Se a população se mobilizasse na política tanto quanto faz no futebol, seria possível acreditar mais firmemente numa mudança de rumo para o país. Mas o brasileiro tem aversão à palavra política e ainda prefere acreditar que o protesto tem que ser nas urnas e que a medida é suficiente.
Em tempo, segundo o site do Globo Esporte, houve um ganhador que participou de um bolão.
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