Em 1789, a França vivia uma efervescência social e política inexplicável, como nunca havia presenciado antes. A famosa Revolução Francesa, como assim é chamada, é considerada um dos eventos mais marcantes da Idade Moderna e do Ocidente porque trouxe consigo uma série de questões que se perpetuaram e ainda são discutidas ou aclamadas nos dias de hoje.
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A Bastilha. Fonte: diários anacrônicos. |
Hoje, dia 14 de julho, comemora-se na França, com direito a feriado nacional, a Tomada da Bastilha, que na época era uma prisão e que representou um dos mais importantes ícones do evento por impulsionar agitações populares. O conflito atingiu grandes proporções e mobilizou parte da Europa, inclusive a Rússia. Para que o leitor tenha uma ideia da distância entre os dois países, eis o mapa:
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A Revolução Francesa teve repercussões em diversos países europeus, inclusive na Rússia. Fonte: geografia-mgf. |
A tríade liberdade, igualdade e fraternidade compôs a fórmula utópica do lema da Revolução. No entanto, como bem sabemos, quando se atinge o poder as pessoas se transformam como num passe de mágica... Mesmo assim, convém falar um pouco dessa ideia que, na teoria, soou belíssima.
Revolução quer dizer, basicamente, mudança radical e estrutural. Quando ouvimos alguém dizer que vai revolucionar sua vida, é porque está esperando uma grande e verdadeira transformação em relação a algo que lhe incomoda ou não lhe faz bem. Todos nós já pensamos, em revolucionar alguma coisa em nós mesmos, nos outros ou nas circunstâncias: o jeito de ser, o trabalho, a rotina, a organização familiar, o corpo e assim por diante. Pelo menos uma vez na vida já nos propusemos alguma revolução.
Não somos livres. A liberdade é um falso paradigma em sua totalidade, pois mesmo aqueles que se julgam independentes criam vínculos de dependência em algum momento. Podemos, com certeza, viver em uma sociedade que nos permite ter mais escolhas do que em outras, embora esta também não seja uma ideia verdadeira porque todas as nossas escolhas tendem a ser pré-selecionadas de acordo com a nossa condição social, cultural e econômica no mundo. E o que reforça a minha tese da liberdade ser um falso paradigma é o fato de, na maioria das vezes, a liberdade por si só ser algo que não conseguimos expressar ou traduzir com clareza. São raros os momentos em que temos a sensação de liberdade em sua plenitude.
Tampouco vivemos num mundo harmonioso, que beira a falência da tranquilidade. Para completar, nós, brasileiros, somos um dos campeões mundiais em desigualdade social e distribuição de renda. O quadro não é animador e o pensamento de que "tudo foi assim e assim sempre será" enraizou na mente da maior parte das pessoas.
A questão é: passados 225 anos da Bastilha, será que realmente não podemos ser melhores? Não digo perfeitos, obviamente, mas a toalha da utopia parece ter sido jogada há muito tempo. Acreditamos mais nas transformações pessoais do que nas sociais, porque estas dão mais trabalho e dependem dos outros também. Confesso que não sou otimista (sempre digo que a humanidade é um projeto que não deu certo), mas sei também que mudar não significa necessariamente melhorar, e como não nos restam muitas opções, este já não seria um começo, nossa última tentativa?
P.S.: Por falar em revolução, os franceses não gostam sequer de ouvirem o nome de Napoleão.
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