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  1. Busca inalcançável

    terça-feira, 8 de julho de 2014

    Um dos imperativos de nossa sociedade é "qualidade de vida". Este é um termo que já algum tempo vem se tornando popular e vem sendo usado por muita gente. Mas em que esta qualidade consiste? Embora haja diversas definições para este conceito, pode-se dizer que existe um consenso: é aquilo que consideramos importante para viver bem. Para se viver bem, o equilíbrio entre corpo e mente é fundamental.

    O equilíbrio entre corpo e mente é fundamental
    para se viver bem e com qualidade de vida.
    Fonte: Mércia Fernandes
    Assim, qualidade de vida requer muito de nós, especialmente nos dias de hoje, onde nos falta tempo e, mesmo assim, estamos mais exigentes. Ela passa, necessariamente, por todas as emoções consideradas boas e pela auto realização: bem-estar, felicidade, prazer, ter um bom emprego, uma boa casa, um corpo saudável e bonito.
    O tempo todo especialistas nos dizem como nos alimentarmos bem, como ter um sono tranquilo, como obter sucesso no trabalho, quais exercícios físicos temos que fazer de acordo com nosso corpo e nossas necessidades, o lazer mais adequado, as conquistas que nos motivam mais, como pensar, o que desejar e os males que o estresse pode causar. Ufa! É possível seguirmos todas essas recomendações se normalmente passamos mais de um terço do dia trabalhando? Talvez seja por isso que a tal qualidade de vida anda tão em baixa para muitos, como a autoestima. Precisa de muito para aparecer charlatões da autoajuda? Todos dizendo as mesmas coisas, como "invista em você", "acredite na sua capacidade", "lute que você conseguirá tudo o que quer". Não é bem assim que as coisas funcionam.
    A qualidade de vida é, muitas vezes, confundida com
    uma vida perfeita. Este seria o ciclo ideal.
    Fonte: Você realmente sabia?
    Acontece que decidimos buscar a todo custo os padrões tido como aceitáveis para uma vida qualitativamente boa e feliz. Esta busca nos soa como imposição e acabamos nos sentindo frustrados por não atingir todos os ideais que estão no roteiro da "vida perfeita" (cá entre nós, é uma fantasia acreditar em vida perfeita). Sem contar a dedicação exclusiva por um corpo perfeito segundo os padrões do que se considera belo na sociedade de aparência que vivemos. As pessoas se tornam escravas nesse processo de busca inalcançável, como se não fosse possível viver bem de outra forma, com um corpo que foge dos padrões. E este é o "x" da questão: se observarmos bem, veremos que nem sempre é a saúde que está em jogo, mas a estética.
    É óbvio que os meios de comunicação têm grande responsabilidade e corroboram com esta imposição, pois um discurso, se repetido muitas vezes, torna-se uma verdade. Infelizmente, o sistema do qual fazemos parte produz constantemente novas necessidades e associam-nas à felicidade e à qualidade de vida. Este é um dos motivos que nos fazem ter a sensação de que parece estar difícil ser feliz com frequência e o estresse tem falado mais alto nesses "tempos nervosos" para todos nós. Precisamos, com certa urgência, repensar esses valores. Não podemos simplesmente aceitar esses discursos com naturalidade, ou então estaremos, de fato, condenados à infelicidade e a uma vida sem qualidade alguma. É isso que estamos buscando?

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