Esta postagem tem como objetivo lançar notas e provocações a respeito da convivência nas (grandes) cidades.
A cidade é um espaço de representações e significados. Dentre eles, mencionarei alguns: é o espaço dos impasses da convivência cultural, da repressão, do confinamento social, da violência, de carências sociais - educação e saúde, por exemplo - e dos problemas ligados ao excesso de população e déficit bens de consumo coletivos. É a representação por excelência do superurbanismo e seus excessos: tráfico, comunicação, intensidade, investimento. É a concretização das lutas simbólicas diante da lógica urbanizadora.
A Sociologia tem uma importante contribuição para os estudos urbanos. Weber elaborou uma análise das grandes cidades até o século XVIII e percebeu que as classes, cada uma ao seu modo, são condicionadas às leis do mercado. Outro pensador de grande influência é Simmel que, ao desenvolver suas reflexões sobre a cidade, fala em tragédia da cultura, o conflito entre a subjetividade e o mundo exterior monetarizado e materialista. É possível também citar Bourdieu e o conceito de habitus. Embora o termo já tenha sido utilizado por outros pensadores, Bourdieu formulou o conceito de habitus como um instrumento de mediação entre condicionamentos sociais exteriores e a subjetividade dos sujeitos. Dessa forma, sendo uma reformulação constante, o habitus interfere diretamente na constituição das identidades sociais diante das múltiplas possibilidades e estilos de vida na cidade. E assim poderíamos indicar tantos outros que se propuseram a pensar e discutir a relação indivíduo-cidade. Porém, destaco um último elemento: a noção de belo, pois todos os indivíduos, de todas as classes, grupos e categorias, são guiados por valores e referenciais estéticos, mesmo que sejam os mais diversos possíveis.
É imprescindível, portanto, refletir sobre o sentido que o espaço da cidade se apresenta para os cidadãos como classificação social. Ao pensarmos na urbanização e seus efeitos, não encontramos a exploração por si só, mas os resultados dos processos de exploração e relações de dominação. Nas fábricas, por exemplo e obviamente, temos a dominação/exploração de uma classe sobre outra. Mas as verdadeiras relações estão fora da fábrica: elas se encontram na complexidade e heterogeneidade que a cidade (pós)moderna representa hoje.
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