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  1. Eleições 2016: a esquerda não será mais a mesma.

    segunda-feira, 3 de outubro de 2016

    Como era de se esperar, o processo de impeachment e o bombardeio de denúncias de corrupção relacionados à Operação Lava Jato fizeram com que o Partido dos Trabalhadores fosse o maior derrotado desta eleição. Apesar das vitórias pontuais e da presença em algumas disputas de segundo turno, o PT será apenas uma sombra do que já foi considerando as administrações municipais. A menos que um fato novo ocorra, essa condição provavelmente se repetirá nas eleições de 2018, fazendo com que o partido perca a hegemonia na esquerda.
    [...] Vale lembrar, contudo, que a esquerda e seus ideais são maiores que partidos que dizem falar em seu nome e decepcionam o povo ao se tornar aquilo que mais criticavam no intuito de se manter no poder em âmbito federal. Esses erros fazem com que décadas se percam, passos sejam dados para trás, conquistas acabem lançadas no lixo. Mas a esquerda também é maior que as pessoas que não gostam de ler livros de história e acham que política pode ser feita sem reflexão sobre ela mesma. Porque a história de movimentos contra-hegemônicos é uma história de reconstrução.
    Um partido pode se esfacelar diante de seus erros e dos crimes de seus membros. Mas uma ideia, não. Líderes, falsos ou verdadeiros, caem a toda hora. Mas uma ideia, não. E a ideia da luta por justiça social e dignidade e pelo direito à identidade e ao combate à desigualdade nas grandes cidades e no campo - que norteia historicamente a esquerda - segue viva com movimentos, coletivos e organizações. Bem como a defesa de uma democracia popular e participativa, que continua existindo longe dos palácios e mais perto do povo.
    [...] O tempo chama a esquerda a refletir sobre seus erros, não só no Brasil, em todo o mundo. E a encontrar novos caminhos e construir resistência, que não significa apenas lutar contra retrocessos, mas apontar saídas - saídas que não podem excluir pobres, trabalhadores e minorias do mundo, pois o mundo só fará sentido se for construído com eles, por eles e para eles.
    [...] Não raro esquecemos que a história não caminha em linha reta e é a resultante de forças que variam em tamanho e intensidade de acordo com cada época. A democracia pressupõe alternância de poder. E, sim, os direitos que foram garantidos podem ser perdidos, incluindo a definição conceitual de coisas caras à nossa civilização, como dignidade e liberdade. Por isso mesmo que a ideia de diálogo é tão importante. É uma ideia paciente, da qual não podemos nos dar ao luxo de abrir mão. Precisa estar viva, nas ruas, nas conversas de bar, na grande política do nosso cotidiano e na pequena política dos parlamentos, gabinetes e tribunais. Ela que fará com que os diferentes não se odeiem e com que, ao final de contas, a barbárie da intolerância não triunfe. 
    - Leonardo Sakamoto.
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