Nos últimos dias, tivemos a sensação de que nunca se falou tanto do Estado mais pobre do Brasil: o Maranhão. E não foram notícias boas, como já sabemos. O presídio de Pedrinhas abalou as placas tectônicas da vida social maranhense e nos fez repensar a dinâmica da violência, que não se restringe somente ao presídio. A maioria das pessoas sempre acreditou que os problemas do presídio são dos detentos, dos guardas, da administração, do governo e o resto da sociedade nada tem a ver com isso. Os últimos acontecimentos mostraram o contrário: a violência das organizações criminosas perpassam os muros do presídio e atingem o cotidiano de forma brutal, além de penetrarem e tocarem no ponto fraco de um Estado cuja população é predominante jovem: o abandono, a exclusão, a falta de políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento digno de jovens e crianças.
O Aliás, do Estadão, trouxe uma entrevista imperdível e necessária com Luis Antonio Pedrosa, advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB no Maranhão. Para ter acesso à entrevista, clique aqui.
Aqui no blog, deixo registrados os trechos que envolvem alguns dos pontos cruciais dessa onda de violência que se assolou no Maranhão, embora não seja recente.
"A verdade é que não há gestão política preocupada com o sistema prisional. Primeiro porque prisão não dá voto. Segundo porque ali estão os mais pobres. Terceiro porque há uma cultura que acha que os presos têm é que se matar dentro da cadeia, não é problema da sociedade. Mas hoje a sociedade está aterrorizada porque percebeu que essa violência pode fugir do controle."
"A perspectiva mais promissora na cabeça de um adolescente de periferia é integrar uma organização criminosa ou um grupo criminoso, porque pelo menos ali ele consegue impor o respeito que a sociedade não lhe dá. Isso é um fator que agravou sobremaneira a violência no Estado."
"A nossa [polícia] é um fracasso em termos de atuação tendo como referencial a dignidade das pessoas. O referencial é a pressuposição de que o cara é bandido. E, sendo um bandido, tem que ser tratado como tal."
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